Domingo cedinho voltava de tomar café na melhor padaria da cidade (La Boulangerie - 106 sul, Bl. A, loja 3) e na comercial da 103 havia um carro do governo estacionado. Uma camionete fiat com um "MRE" amarelo na porta.
A vida em Brasília exige, num primeiro momento, o domínio das siglas que compõem os endereços, por uma questão de simples sobrevivência. O passo seguinte, que depende muito do grau de envolvimento com a máquina pública, é preciso dedicar algum esforço às siglas governamentais.
MRE...
Meio sonolento, não consegui decifrar na hora.
Um governo tão pródigo na criação de ministérios e secretarias especiais é capaz de qualquer coisa, contanto que a base aliada permaneça feliz. Ministério das Religiões...Ministério das Relações Espúrias...Ministério dos Regimes de Engorda...
Mas ora, é o Ministério das Relações Exteriores! o velho e bom Itamaraty.
A verdade é que ministério até que é fácil, mesmo considerando a dificuldade de entender algumas coisas. Quais seriam, por exemplo, as diferenças de atribuições do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)?
Já lembrar o nome dos ministros, é outra etapa.
O horror mesmo está dos ministérios pra baixo. Só quem já entrou em um prédio da administração federal tem condições de imaginar, pela simples leitura das plaquinhas nas portas de eucatex, a inacreditável quantidade de assessorias, diretorias, coordenadorias, superintendências, chefias, subchefias, conselhos em geral. Todos com suas respectivas siglas.
Mas algumas premissas são fundamentais para mover-se no estranho mundo das siglas, pois mesmo para o mais abnegado burocrata deve ser impossível dominar o incomensurável conjunto de siglas que compõe os órgãos da administração federal.
Um detalhe importante é que quanto mais importante o cargo, menor a sigla. PR é a própria presidência da república. Duas letrinhas que dizem tudo.
Se ao ser convocado para algum compromisso no governo federal o cidadão perceber que a sala onde a reunião vai ocorrer tem uma sigla com mais de quatro letras, pode ter certeza de que está muito pouco valorizado e que qualquer decisão precisará subir pelo menos dois escalões para que seja tomada. Siglas com hífen, pode esquecer. Nada pode ser resolvido por um órgão que tenha hífen em sua sigla.
domingo, 14 de setembro de 2008
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Um comentário:
Adorei a sigla com hífem, uma ótima explicação ´ra incompetência dos braços estaduais dos orgãos do governo, DAER-RS por exemplo,DNIT-RS e por aí afora.
Deve ser um problema de numerologia, já vi um guru falando que hífnes tem uma forte conexão com os arquétipos burocráticos e rosmelecentos das sociedades organizadas.
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